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Quase 1 milhão de brasileiros podem não entrar na faculdade por causa das apostas

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Quase 1 milhão de brasileiros podem não entrar na faculdade por causa das apostas

Gabriela Alencar

10/07/2025

 

Estudo mostra que apostas online estão afastando quase 1 milhão de jovens do ensino superior privado no Brasil

Apostas online atrasam entrada de milhares de jovens na faculdade em 2025

Um levantamento da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), revelou uma nova e preocupante barreira no acesso à educação superior privada no Brasil: as apostas online. De acordo com a pesquisa, 34% dos jovens brasileiros entre 18 e 35 anos afirmaram que teriam conseguido iniciar uma graduação no primeiro semestre de 2025 se não estivessem comprometidos financeiramente com apostas esportivas digitais, como as populares “bets” e o chamado “jogo do tigrinho”.

O impacto é ainda maior nas regiões Nordeste e Sudeste, onde os índices sobem para 44% e 41%, respectivamente. No segundo semestre, os percentuais caem para 32% e 27%, mas seguem elevados. Enquanto isso, no Sul e no Centro-Oeste, essa relação é percebida por menos jovens — 17% e 18%, respectivamente, no início de 2025.

Quase 1 milhão de potenciais alunos podem ficar de fora da graduação em 2026

A projeção da ABMES para o primeiro semestre de 2026 é alarmante. Dos 2,9 milhões de brasileiros com intenção de ingressar na educação superior privada, cerca de 986 mil correm o risco de não conseguir efetivar a matrícula por causa de gastos com apostas online. O cenário representa uma perda significativa de talentos em potencial para o ensino superior e para o mercado de trabalho.

Comparando com a edição anterior da pesquisa, feita em setembro de 2024, o número de jovens impactados subiu em várias regiões — 7,76% no Nordeste e 9,39% no Sudeste. Em contraste, houve uma redução expressiva no Norte (queda de 33,16%) e no Centro-Oeste (24,97%).

Alunos já matriculados também sofrem com as apostas

O problema não afeta apenas quem quer entrar na faculdade. Entre os que já estão matriculados, 14% afirmaram ter atrasado mensalidades ou trancado o curso por causa dos gastos com apostas online. Nas classes B1 e B2, esse número sobe para 17%, mostrando que o impacto atravessa diferentes faixas de renda.

Além de comprometer a educação, o vício em apostas também afeta o equilíbrio financeiro. Segundo o estudo, 52% dos entrevistados apostam regularmente, a maioria entre uma e três vezes por semana. O valor investido varia conforme a classe social: na classe A, a média mensal chega a R$ 1.210. Nas classes D e E, o valor médio é de R$ 421 — quantia significativa considerando a renda dessas famílias.

Cresce o número de jovens que comprometem mais de 10% da renda com apostas

Ainda que 80% dos apostadores digam gastar até 5% da renda com bets, o número de pessoas — especialmente entre os mais pobres — que ultrapassam os 10% do orçamento mensal cresceu de forma preocupante. Entre setembro de 2024 e março de 2025, o percentual de jovens que apostam regularmente passou de 42,9% para 52%, e os que dizem comprometer parte da renda subiram de 51,6% para 54,2%.

O número de jovens que deixaram de iniciar a graduação por conta de apostas também saltou 11,4 pontos percentuais no mesmo período.

Perfil do apostador brasileiro

O perfil predominante dos apostadores é de homens entre 26 e 35 anos, trabalhadores, pais de família, das classes C e D, e que estudaram em escolas públicas. Ou seja, uma parcela da população que já enfrenta desafios históricos no acesso à educação superior.

Para Paulo Chanan, diretor da ABMES, o cenário exige atenção imediata. “As apostas online se tornaram um obstáculo adicional para o acesso à educação superior no Brasil. Precisamos desenvolver políticas públicas que conscientizem os jovens sobre as responsabilidades envolvidas com a prática de apostar”, afirma. Ele também reforça que o fenômeno ainda é recente e pouco compreendido no país, tanto pelo poder público quanto pelos próprios usuários.

A educação precisa voltar a ser prioridade

A crescente popularidade das apostas online, somada à falta de regulação eficaz e políticas de conscientização, está afastando milhares de brasileiros da faculdade. A pesquisa da ABMES escancara uma realidade que já vinha sendo percebida pelas instituições de ensino e profissionais da educação: o vício em jogos digitais está comprometendo sonhos, carreiras e o futuro de uma geração.

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